sexta-feira, 17 de outubro de 2008

SOMBRA














Um pinheiro.
Olho esta vida aqui no areal,
Serena, ao vento, ao sol e ao cheiro
Deste mar animal;
Meço-lhe o pé seguro,
A largura dos braços e a certeza
Que tem de cima abaixo de ser duro
Conforme lhe mandou a natureza;
E deito-me à sombra dele, no chão,
- No mesmo chão onde eu não pude ser
Nada mais do que um bicho anão
A gemer.

Miguel torga

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