quinta-feira, 16 de outubro de 2008

PARAÍSOS

Temos dois paraísos: o da infância
E o da velhice;
O da flor e o do fruto,
O da loucura e o da razão.
O jardim e o Pomar,
A Primavera, Deusa helénica,
O Outono, Deus da Ibéria.
O resto é Inverno até à Groenlândia
e Verão até ao Cabo

Teixeira de Pascoaes

Pega-se neste autor, pelo iniciático que existe na sua escrita relativamente à paisagem portuguesa, mais concretamente a transmontana. É um lugar de constante saudade, e dela se fez a sua escrita. Mas, escreve Jorge de Sena acerca deste autor, é uma saudade que "se volta para o futuro em que tal sentimento desempenhava o papel de uma reminiscência platonizante que fosse o motor de uma crescente humanização do universo".
E é isso que o futuro precisa, agora mais do que nunca. Parar para comungar com a paisagem, vê-la crescer dentro de nós adquirindo um sentido de conjugação, de partilha, de congregação com o presente, em direcção a um futuro melhor, menos mesquinho, onde o valor das coisas da natureza é incalculável.
Pode viver-se um presente sem vislumbrar um futuro?

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