terça-feira, 7 de outubro de 2008

CONTEMPLAÇÃO

Que resta ao homem senão prender-se na contemplação?
Olhar a chuva que cai, os montes que nos aprisionam, o mar em movimento perpétuo...
Quedar-se a olhar a Natureza, a sua casa imensa mas tão pequena para as suas atrocidades.
Pode inventar paisagens e lugares, percorrer caminhos ladeados de muros, sentar-se a ouvir os sons dos pássaros!
Pode exultar deus usando os sentidos, ou mais ainda, a alma, quando permanece na contemplação. Mas, dizia Bernardo Soares no seu Livro do Desassossego: "A natureza é a diferença entre a alma e Deus." Apesar da alma e deus estarem para lá do visível, do palpável, a Natureza, ou a sua contemplação, são o marco da transcendência humana, o caminho para o espiritual, a verdadeira vivência de qualquer "eu".
A verdade é que no alto de uma montanha, de qualquer montanha, estou mais perto de mim, daquilo que quero ser. E ao percorrer o caminho até às alturas, percorro-me para ser eu. Ou apenas para ser...!

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