domingo, 6 de junho de 2010

PAULO EDUARDO





















Estas árvores são para aqueles que fizeram parte do meu passado bem recente e farão também da memória do futuro.
Talvez os átomos deles já sejam também árvore neste momento. Só assim faz sentido a morte... morrer para fazer parte de Outro, de Algo, do Mesmo. Tudo deverá ser simples e uno!!

Ao Paulo Eduardo.

PRIMAVERA

São as árvores e o verde que me movem. São os caminhos, especialmente aqueles estreitoe e cujos traços são o resultado de pés que nunca se cansam, que ao longo dos séculos esculpem na terra ou em pedra, os sulcos da descoberta, da persistência, da constância de um tempo... que poderá nunca mais voltar.
E, a Primavera équem faz sobressair árvores e caminhos... verde, terra, flores e pedras, mesmo que já movidas pela mão do homem.

Tudo explodiu tão de repente, nestes poucos dias de calor... mas um calor intenso, inesperado, e tão diferente porque queima mais, que até eu me pergunto quanto mais aguentarão as folhas, as copas, as flores, as raízes esta imensidão abrupta de calor?
As primaveras parecem diferentes, ou serei que estou diferente??  O sol será o mesmo? A Terra será a mesma?
Definitivamente o homem é o mesmo: louco, acelerado, desrespeitador, incumpridor, desleixado,...
Tanto que somos e sabemos tão pouco resguardar o futuro!!

Avizinha-se um ano de incêndios! Mato farto, depois das chuvas e seguido deste imenso calor! Avizinha-se a loucura! Avizinha-se o homem (com letra miúda, que a graúda não lhe serve)!
Pergunto-me:
António Lobo Antunes dizia que o passado e o futuro são o presente, pela memória e pela antecipação das vontades! Ter-se-á enganado? Falará ele dos homens?
Talvez devesse estar a falar das árvores, esses seres magestosos, mesmo quando se apresentam com um porte mais modesto. Quereria ele dizer que as raízes e as folhas projetam-se num futuro depois de atravessar o presente que os seus genes contêm! Ou estaria a falar da seiva que atravessa os fustes em direcção aos gomos, trazendo consigo o que foi e movendo o que vai ser... Sim A.L.A. enganou-se concerteza... estava a falar das àrvores!

Bom! Há ainda a sombra. Aquela que refresca, que rejuvenesce, que incita a saborear os dias quentes sem pensar que o calor será excessivo, cortante, aterrador! E é à sombra das árvores que nasce quase tudo que o homem cria de bom, desde o futuro, à saudade...
O homem espera demasiado das árvores mas, esquece-se que elas esperaram sempre mais dos homens que aquilo que lhes tem sido dado.
Pensar em árvores não é pensar em madeira, ou tudo aquilo que o homem pensa retirar delas. É poder retirar delas aquilo que possa ser o menos devastador possível para elas. É o conviver. A simbiose. Termo que os homens inventaram mas não se aplica a qualquer relação dos homens com o que quer que seja, em especial com as árvores e este planeta e, mais ainda, especialmente na relação do homem com o próprio homem.
Eu sei que nem todos os homens são assim. O problema é a percentagem daqueles que o são, e são muitos!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Nem Primavera nem Verão

Surge constantemente uma neblina matinal, onde o frio se estende revestindo a paisagem do Alvão e do Marão. A Primavera não chegou ainda... O sol, tão abrasador já por esta altura em anos anteriores, parece uma lua sem sentido, sem lugar nestas nuvens. E, como os dias, assim a alma: triste e cinzenta.
Não tenho caminhado, não tenho estado com e na serra.  Minto. Fiz com o meu amigo uma caminhada contornando o Minhéu a uma cota de cerca dos 1000m, em caminhos já desaparecidos e por entre os postes dos geradores eólicos... modernices!  O Minhéu, ainda Alvão na sua parte terminal norte, é um pico interessante, lugar de antenas de tv, rádio e agora das novas telecomunicações. É uma serra quase nua, mas com vista sobre o Alto-Tâmega, sobre o Barroso e muito do que á o Gerês. É um dos pontos fulcrais do Norte e mais concretamente do maciço do Marão/Alvão.
De resto
há muito verde e muita água.

quarta-feira, 24 de março de 2010

HOPING THAT WINTER GOES AWAY



Inverno triste este. Chuva e frio. Neve e gelo. Muita água!
Talvez tenhamos menos problemas com a água no Verão.

Relembro o Olo, os lameiros, o verde debaixo de nevoeiro cerrado como este bois encerrados, impossibilitados de abrir os seus olhos tão ternos, tão grandes, tão intensos como a paisagem do Alvão.
Caminhei nesse dia de Dezembro, pelo Barreiro e por Varzigueto. Apetece percorrer estes trilhos a toda a hora para encontrar o espírito em paz... ou apenas a tranquilidade (palavra tão pouco querida dos humanos neste tempo de velocidades e desencontros totais com o mundo)

Somos parte disto e de apenas isto: da paisagem, da Natureza. Estamos a destruí-la mas somos essa Natureza e o ser humano é tão estúpido.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

1 ANO


É neste azul e neste verde
que se esgotam as brumas.
Subitamente as memórias,
no branco das nuvens
conversam com o passado.

Palavras feitas de lágrimas,
frases pesadas de granito,
sentidas nos sentidos
do horror e da náusea do tempo
que não regressará jamais.

Surge um tronco.
O presente que se reconstrói.
Um futuro que renasce das folhas.
O azul, o verde e o branco
retidos numa lágrima de saudade.